Este blog foi criado para que o Clã 77, do Agrupamento 323 de Santa Eufémia de Prazins,
possa partilhar todas as caminhadas rumo ao Homem Novo

quarta-feira, setembro 29, 2010

13º World Scout Moot Quénia 2010

Realizou-se entre os últimos dias 27 de Julho e 06 de Agosto o 13º World Scout Moot no Quénia, é uma actividade que acontece normalmente de 4 em 4 anos e é destinada a todos os caminheiros e jovens dirigentes até aos 25 anos, assim como outros dirigentes, mas estes para os serviços e ajudar a fazer com que a actividade decorra da melhor forma, entre caminheiros e dirigentes de Portugal partiram cerca de 46 pessoas, sendo eu o único representante do Núcleo de Guimarães.
Partimos de Portugal no dia 24 de Julho e chegamos a Nairobi, capital do Quénia no dia seguinte por volta das 21h locais (19h em Portugal), depois de uma noite mal dormida no aeroporto e uma longa espera em Londres da ligação para o Quénia, foram 12h horas que deram até para celebrar uma eucaristia num largo no exterior do aeroporto em frente à capela de S.Jorge, patrono mundial do escutismo. Depois de chegarmos ao aeroporto de Nairobi fomos encaminhados para o campo de campismo de Rolland Camp que viria a ser o campo principal.
Até ao dia 27, os dias foram passados com a chegada de escuteiros de todo o mundo e com reuniões para começar a conhecer as pessoas com quem íamos trabalhar assim como coordenar os serviços sempre com a companhia dos macacos que havia por todo o parque. Aproveitamos também para construir um altar em madeira no local que estava destinado para ser a capela e onde viríamos a celebrar as eucaristias em campo.

A abertura da actividade foi no dia 27 à noite, no entanto os dirigentes que estavam inseridos nas equipas de serviço, Internacional Service Team (IST), partiram pela manha para preparar os centros para acolher os caminheiros que chegaram no dia 28 a cada centro que estavam destinados.
Depois da abertura oficial a actividade desenrolou-se em 3 diferentes centros de expedição, Machacos, Kayaba e Embu no qual eu estive destacado para a equipa dos primeiros socorros juntamente com um médico do Congo, enfermeiras da suíça e Hong Kong e ainda outro dirigente também de Hong Kong. Na equipa dos primeiros socorros, além dos escuteiros, faziam ainda parte alguns voluntários de uma associação de nome St John Ambulance e ainda um médico e uma ambulância do exército.
No dia 29 começaram as actividades nos centros de expedição, em todos os centros os caminheiros estavam divididos em equipas internacionais e estas em unidades, durante os 3 dias nos diversos centros os caminheiros tinham oportunidades de fazer um dia de serviço, outro de visita e ainda outro de expedição assim como actividades em campo tal como diversos jogos e workshops.
No primeiro dia de actividades, após uma reunião por equipas de serviço para distribuir as tarefas para o dia, acompanhei a Unidade D na expedição à colina Karue. Partimos por volta das 9h30m no autocarro em direcção a Kivute onde iniciamos a caminhada para Karue.
Em Kivute já podemos ver a infeliz realidade de vários locais de Africa, bancas de venda por todo o lado, estradas em terra e por onde passávamos as pessoas ficavam a olhar para nós com ar de admiradas, excepto as crianças. Estas tinham um olhar curioso, olhavam com uma vontade de descobrir o motivo pelo qual estávamos na terra deles, ao ponto de meter pés ao caminho para nos acompanhar na caminhada. Quando digo pés ao caminho não é no sentido figurado uma vez que uma boa parte deles caminharam sem calçado em caminhos não muito convidativos a caminhar descalço. Foi uma experiência incrível a oportunidade de viver um dia com estas crianças e sentir a felicidade que tomava conta deles quando lhe era colocado um chapéu escutista na cabeça, ou tiravam uma foto ou davam a mão a um escuteiro para caminhar juntos. Fiquei impressionado quando larguei por momentos a mão da criança que me acompanhava para tirar uma foto e quando olho para ela, a criança estava com o seu braço levantado a espera que de eu lhe pegar novamente na mão. Durante o trilho assistimos a uma demonstração de um grande carácter e responsabilidade destas pequenas crianças, para atravessar um ribeiro era necessário caminhar através de um tronco a servir de ponte, foi então que ficamos todos tocados quando nos apercebemos que a criança mais velha talvez com uns 10 anos, atravessou com os mais pequenos às costas e voltava para trás para trazer outro e aos maiores ajudou a atravessar pela mão, um a um, apesar da tenra idade não deixou de assumir a responsabilidade e ajudar as outras crianças atravessar em segurança a dita ponte. Toda a magia desta actividade foi transmitida por estas crianças que caminharam todo o dia connosco com quem dividimos o nosso almoço, caso contrário não iriam almoçar.
Depois do trilho, ao chegar novamente à aldeia foi possível verificar nos miúdos uma enorme felicidade pelo dia passado, mas ao mesmo tempo a tristeza de nos ver a entrar no autocarro e partir, possivelmente a pensar que dificilmente terão um dia igual nos próximos anos.
No dia seguinte seguimos num autocarro apenas com IST’s para fazer uma visita a vários locais onde os caminheiros têm feito serviço e visitas. Começamos pela visita a uma das maiores fábricas de chá de seguida visitamos algumas escolas onde os caminheiros fizeram serviço tal como, pinturas, juntar madeira para cozinhar, brincar com as crianças, etc.
Destas escolas destaco uma escola especial para miúdos deficientes, uma para miúdos surdos e uma outra onde todos os alunos são escuteiros.
De seguida ainda houve tempo para visitar umas belíssimas quedas de àgua antes de regressar a Embu.
No ultimo dia em Embu, o dia 31 de Agosto passei em campo. Todos os dias ficavam 2 unidades em campo enquanto as outras saíam para actividades de serviço ou expedição ou visita.O dia em campo era vivido com vários jogos entre os caminheiros como o futebol, voleibol, rugby, xadrez, damas, etc e com alguns workshops de artesanato local onde os caminheiros podiam aprender a fazer fios e pulseiras e ainda bolsas em corda e lã.

O ponto alto do dia foi quando por volta das 17 horas 2 tribos locais nos presentearam com danças típicas com os seus trajes. Durante a noite houve o fogo de conselho para todos os elementos.
No dia 01 de Agosto tivemos um dos dias mais emocionantes de todo o Moot, chegou a nossa vez de ir até Nyeri, cidade onde está sepultado Baden Powell. Tivemos a felicidade de visitar o cemitério e estar perto do túmulo onde está sepultado B.P. virado para o Monte Quénia a pedido do próprio. Após um curto percurso a pé fomos a Paxtu, a última morada onde morou B.P. e onde escolheu para falecer.
Foi sem dúvida emocionante estar perto do túmulo de B.P. e conhecer a última morada em vida de B.P. o que fez deste dia o mais especial de todos os dias do Moot.

Depois desta emoção regressamos a Rolland Camp onde reunimos no local que tínhamos preparado antes para celebrar a eucaristia dominical presidida pelo Sr. Padre Rui. Durante a viagem podemos ver algumas realidades de cidades pelas quais passamos.

Ao ter conhecimento de que iríamos celebrar foram vários escuteiros de outros países a juntar-se a nós na celebração. Foi uma eucaristia celebrada em Português e Inglês com a presença de um padre Nigeriano que também se encontrava no Moot.
Os dias seguintes ao regresso a Rolland Camp os caminheiros foram divididos em diversas actividades, alguns em campo com ateliers de pioneirismo, artesanato, danças, ritmos, tendas para dar sangue, do teste da SIDA, etc e outros fora dele com visitas a museus, safaris a pé na reserva natural de Nairobi, etc.
Um dos workshops presentes e nos quais participei era um grupo de escuteiros com o nome “Most Primitive Scouting Experience” onde ensinavam algumas técnicas de sobrevivência em campo tal como construções, abrigos, fazer fogo, colheres a partir de pedaços de troncos de madeira e ainda copos a partir de cocos (o s últimos três eram os que estavam em funcionamento), no qual tive a oportunidade de fazer o meu próprio copo de coco.
Um dia diferente foi o 04 de Agosto, a manha começou um pouco agitada devido ao importante referendo nacional que decidia a alteração à constituição da república do Quénia.
Com receio de ocorrer algum motim ou revolta e o facto de o Moot ter representantes de todo o mundo e poderia ser visto como um bom meio de atrair a atenção de todo o mundo, fez com que a segurança fosse reforçada e o plano de emergência revisto de forma a que estivessem todos preparados para qualquer emergência. Nesse mesmo dia durante a tarde foi a altura de todos os contigentes mostrarem o que de bom se faz nos seus países. O nosso stand foi decorado com xailes minhotos e galos de Barcelos e começamos por ter uma bancada onde se podia estampar manualmente o logótipo do contigente português e gravar a quente em couro e como gastronomia um delicioso arroz doce e mais tarde uma sopa de feijão e ainda uma sopa da Avó. Quando chegou a altura de apresentar o nosso contigente, os caminheiros tocaram, cantaram e dançaram uma rapsódia de músicas populares portuguesas e acabaram a apresentação com a musica escutista “Irei ficar”. A nossa apresentação correu muito bem ao ponto de o nosso stand ser o último a fechar e com a estampagem a ter uma enorme procura por parte de todos os caminheiros dos outros países de tal forma que apenas podemos estampar para os portugueses à noite depois do jantar.
A manha do último dia ficou destinada aos contigentes, no nosso caso optamos por reunir todos os contigentes de língua portuguesa que estavam presentes no Moot. Angola, Brasil, Moçambique e Portugal reunidos fizeram uma avaliação do Moot que estava prestes a terminar e ainda para reflectir, debater ideias e lançar desafios para a CEL (Comunidade Escutista Lusófona) que existe mas pouco divulgada, uma vez que alguns dos escuteiros presentes nunca tinham ouvido falar.
Durante a tarde seguiram-se as festas de encerramento do 13º World Scout Moot 2010 com várias apresentações de danças e músicas de vários países Africanos.Houve oportunidade para ouvir o hino e o convite para o Jamboree 2011 na Suécia e assistir à passagem de testemunho ao Canadá que irá organizar o próximo Moot. Chegava assim ao fim o 13º World Scout Moot


Pós Moot
Depois do encerramento do dia anterior hoje foi dia de partida para a maioria dos contigentes, excepto quem iria ficar para o pós Moot, como era o nosso caso, 14 portugueses que se aventuraram por mais uma semana. Os IST’s que se mantinham em campo foram divididos em 3 equipas de trabalho para limpar o recinto, arrumar cadeiras e desmontar tendas de apoio por todo o campo. Depois do almoço partimos para a capital Nairobi para explorar um pouco mais o centro da cidade até chegar a hora de ir jantar ao restaurante Carnivoro, um restaurante que aparece na lista dos 50 melhores restaurantes em todo o mundo, tivemos a companhia de amigos das Honduras, da Malásia e da Eslovénia.

Durante esta semana tivemos a oportunidade de assistir a enormes momentos de rara beleza que a natureza nos proporciona um pouco por todo o Quénia, visitamos as reservas de Masai Mara,

Lago Nakuru,

Lago Bogória,

Lago Baringo e o lago Naivasha

e ainda o Hells gate.

Durante todas estas visitas foram vários os animais que tivemos o prazer de observar no seu habitat natural, milhares de gnus e flamingos, diversas aves, zebras, búfalos,girafas, leões, abutres, avestruz, hipopótamos, crocodilos (estes no rio Mara), lagartos, chitas, Rinocerontes, javalis, hienas e ainda a sorte de assistir a um momento raro, segundo os guias. Vislumbramos um belo leopardo (animal raro de se ver) que caminhou árvore abaixo até se esconder na vegetação
No meio de tantas aventuras, um rinoceronte, animal possante ainda nos provocou um pequeno susto quando correu em direcção à nossa carrinha e graças à atenção do nosso guia conseguiu desviar a carrinha, no entanto, podemos verificar depois que não era com o objectivo de nos atacar mas, sim de afastar um outro macho que estava atrás da carrinha e se aproximava da sua fêmea e cria.
Tivemos também a oportunidade de viver uma experiência única, a visita de uma aldeia Masai. Os Masai são os povos de uma das maiores tribos existente no Quénia, durante a visita eles cantaram e dançaram para nós, fizeram fogo de uma forma primitiva, mostraram a aldeia e ainda visitamos a escola. Impressionante a forma como eles vivem, casas sem condições, os animais a morar dentro de casa, relatos impressionantes de ataques à aldeia de animais ferozes como o leão, realmente uma forma bem diferente a primitiva.

No dia 15 de Agosto chegamos a Lisboa por volta das 13h. Foi o fim de um sonho, para trás ficam 3 semanas incríveis com experiências únicas e inesquecíveis, locais fantásticos, pessoas maravilhosas e o contacto com a Natureza, os animais e sem dúvida a grande emoção de estar junto do Túmulo de Baden Powell, a última morada do nosso grande chefe!
Hakuna Matata

Algumas palavras em Suaíli, o idioma mais falado no Quénia além do Inglês.
Não há problema - Hakuna Matata
Olá – Jambo
Vem cá – Kuja
Vamos – Twende
Dormir – Lala
Nós – Sisi
Prato – Sahani
Copo – Kikombe
Vinho – Devai
Beber – Kunyua
Bom/Boa – Nzuvi
Noite – Usiku
Tu – Wewe
Bonito – Mrembo
Moto – Pikipiki